quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

IMAGENS DE ALFREDO GUEDES NO ANO DE 1969

Mais nostalgia para este nosso espaço de resgate e preservação de memória.

Mais maravilhas enviadas por Charles Malouf Samaha, de seu acervo de família. Fico muito feliz e grata por aqui, sabendo que de tão longe alguém se preocupa em engrandecer a nossa imagem e o nome de nosso amado Distrito.
Obrigadíssima por estar trabalhando conosco, e nos colocar sobre ventos tão favoráveis.
Direto de St. Petersburg, o acervo de Charlie!

Naqueles dias, Alfredo Guedes era todo graça e poesia
Naqueles dias, o Distrito exalava Magia
Respirava romance, florescia
Expirava nostalgia
No compasso dessa respiração constante
Chegava outra geração, inclusive eu, nascia
E o Cateto explodia em águas
E o túnel paria outras águas
E as pedras nos assistiam, nos ouviam
Às vezes até cochichavam
Versos
Prosas
Rimas 
Canções
Mistérios
Segredos de nostalgia
Mas mais que tudo, mais que sempre, mais que nunca
Havia ali ideologia
Havia chuva que fertilizava o nosso chão
Trazendo em suas gotas e pingos
Homens de bem
Homens de brio
Homens de puro amor ao nosso chão
Naqueles dias, o nosso destino, o nosso sagrado caminho
Era o charme impregnado de passado
Cumprindo com toda a originalidade o nosso autêntico papel e vocação
Era a poeira mágica do tempo indo e vindo
Era a religiosidade e não a religião
Eram os grãos de honestidade para cada grão
Latejando em nosso coração
Servindo de alimento em cada pão
Era a história
Era a memória
Eram os paralelepípedos encantados
Era o poder da Estação
Tudo era preservação  

CÉLIA MOTTA.


  


                                                                                                                                  guardiadelendas.blogspot.com

Encantado presépio em que nasce o Cristo todos os dias. Encantado morro que se ergue todas as tardes a Ave Maria, um dia fomos reduto de olaria. Canta, Rio Lençóis, pois te escuta, Santíssima Maria. Pedro Ventura, Velha "Barde"... Alfredo Guedes Resgate !



As instalações de nossas máquinas de beneficiamento de grãos, suores escorregam pelo chão... cheiro de flor... perfumes de paixão. Tralho das belas moças da nossa região. Alfredo Guedes Coração !

Quem seriam aquelas pessoas passeando pela rua, quem seria o charreteiro carregando também perguntas e lembranças?

   Aqui, vemos de perfil a casa com a pequenina varanda, de Armando Mantovani e Lola Gasparini. Sr. Armando tinha um automóvel DKV, que todos recordam o barulho que fazia pelas nossas ruas de sonho.


Aqui um dia corria e brincava, o senhor Enio Romani. Viraram poesias as suas memórias e fantasias. Ah! Esse pasto adornado pelas águas do nosso Catetinho... José Ribeiro... Zeferino...
Trilhos de Luz, renasçam! Vivam para sempre restaurados...
Quem sabe, um dia, ainda que eu não veja,
Mas que seja !

E por essas imediações, via-se de quando em quando, o "Geraldão"! Morador de uma dessas casinhas, paraplégico e um tanto caracterizado pela constância de seu sorriso. Alfredo Guedes Memória.


    Na casa que no passado foi de Miguel, mais tarde, na época em que foi tirada esta fotografia, tornou-se a casa e o local de trabalho do casal Luis Franco  e Dora. Conhecido em nosso meio como "Luis Mascate", por conta de suas mercadorias, comercializadas sempre com muito carisma. Belíssimo, com bigodes de galã, foi mais tarde, comerciante no município de Lençóis. Faleceu assassinado já há muitos anos, deixando em nossa memória a recordação eterna de sua passagem... Alfredo Guedes Nostalgia.
Por alguma estranha peculiaridade, assassinados foram Miguel e Salim, moradores dessa casa histórica, assassinado foi o nosso companheiro Luis Franco e assassinado dentro do mesmo imóvel de fascínio, já quando funcionava ali o Bar do Vandão, nosso amigo e filho do saudoso José Domingues, sucumbia o jovem Serginho, a golpes de faca.  E assim nós todos, vamos chegando e partindo, sofrendo e superando, machucando e sendo machucados, brigando e amando, revivendo e sonhando. A vida segue o seu curso em novas e constantes oportunidades, somos recriados, redimidos e abençoados. Alfredo Guedes Dores E Amores !                         


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                                                                                Célia Motta.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

ILUSTRÍSSIMA VISITA


As voltas que o mundo dá, a forma como a terra cobre e descobre tudo que ocorre, o modo como o tempo se define como senhor de todos os espaços, é o que me dá a certeza absoluta da Divindade Criadora.
Há uns quatro anos, depois de ter publicado a trágica história da Família Maluf (e) em nosso amado Distrito, quando as vidas do distinto senhor Miguel Maluf e de seu jovem filho Salim, foram violentamente ceifadas de forma covarde e violenta por Emílio Doraciotto, feitor da Estrada de Ferro Sorocabana, pude mais uma vez fazer tal constatação. Doraciotto insistia em querer cortar uma árvore que estava no limite das terras da Família Maluf. Obviamente, Miguel e Salim defenderam sua propriedade, impedindo a derrubada da árvore. Doraciotto reagiu golpeando pai e filho com uma ferramenta, assassinando o jovem Salim imediatamente e ferindo gravemente o senhor Miguel, que veio a falecer um tempo depois no hospital da cidade de Agudos.
Essa história paira sobre Alfredo Guedes até os dias de hoje. Há uma reverência constante, prestada às memórias do pai e do filho. Há uma solidariedade latente, que se estende a todos os seus familiares. Ainda há lágrimas que choram com Salime, seus filhos e filhas.
Entretanto, nós guedenses de alma, sentimos também orgulho e honra ao tomarmos ciência do quanto a sua descendência se tornou valorosa e inteligente. Há um prazer enorme em saber da superação e da capacidade de ternura que emana de cada sorriso e de cada olhar.
Como eu dizia, depois da publicação da história, há quatro anos, em uma manhã eu recebi um telefonema em meu trabalho. Era um homem perguntando por mim. Respondi a ele que eu era quem ele estava procurando. A resposta dele foi de efeito cambaleante para mim. Ele me disse:
“Meu nome é Gustavo Malufe. Eu sou bisneto de Miguel Malufe”.
Ele começou a chorar ao telefone e eu mais ainda. Em soluços eu pensava como aquilo seria possível, depois de tanto tempo? Como aquela história que eu escutava em minha casa desde muito pequenina, poderia agora se manifestar através dos familiares de Miguel e Salime?
Numa fração de segundos, todas as imagens das fotografias que meus avós e minhas tias tinham deles, passavam em minha frente. E eu ouvia a minha mãe contando tudo de novo. O ano de 1939 me recebia junto dos antigos protagonistas daquele enredo, que apesar de triste, era também surreal e poético. Miguel e Salim eram de fato, imortais.
Eu não conseguia alinhar as minhas ideias para falar com Gustavo. A voz dele desenterrava a imagem e a vida de Miguel. A emoção dele me mandava de volta para lá, para ver de perto todos os que eu não conhecera. A respiração dele me fazia vislumbrar dona Salime escrevendo cartas ditadas por minha avó Lazinha, analfabeta, me permitia sentir o cheiro das sopas que Salime preparava para ajudar a minha avó alimentar as filhas doentes com a febre do tifo, e curiosamente Gustavo ganhara um lugar especial nas minhas próprias histórias familiares, como se estivéssemos todos juntos em dado momento. Para mim, já era um amigo querido e merecedor de todo o meu repeito.
Gustavo me disse que um primo chamado Charlie, que morava fora do Brasil havia visto a matéria em meu blog; e que isso despertara a pergunta “quem é Célia Motta”?
E a Célia somente era a pesquisadora encantada pela saga de nobre família, apaixonada pelo resgate de memórias. A Célia era a mulher, que quando menina já escutava essa história no seio de sua própria família, história que consternou o lugarejo para sempre. A Célia era só isso.
Gustavo me prometera uma visita em Alfredo Guedes e no nosso Memorial. A partir daí, iniciamos contato constante, exceto no meu período de saída das redes sociais. Eu não acreditava que podia conversar com o bisneto de Miguel e com o filho de Adelia.

A partir daí, eles davam maior riqueza ao meu acervo de imagens e detalhes, me enviando verdadeiros tesouros. Falar com Gustavo e com Charlie por mais mágico que fosse, jamais me deu a dimensão do que ainda estava por aflorar.
No mês de Novembro de 2018, Gustavo entrava em contato comigo novamente para cumprir o prometido: finalmente a família Maluf estava se preparando para visitar Alfredo Guedes; e eu, finalmente conheceria as pessoas que davam em realidade, testemunho e fundamento ao que meu mestre Eduardo Ayres Delamonica sempre me ensinou sobre o alcance de nossos garimpos de memórias. Eu poderia externar os sentimentos de toda a minha família Lourenço para os antepassados da família deles. Eu poderia trazer Miguel e todos os seus à vida outra vez. Eu poderia trazê-los para o nosso tempo e para o nosso espaço.

Como?
Através dos descendentes!
Pedi ao Executivo que os recebesse oficialmente, já que teríamos conosco as presenças dos filhos de Sahid Maluf, nascido em Alfredo Guedes, jurista renomado e autor da obra de Direito, Teoria Geral do Estado. Dr. Miguel Alfredo Malufe Neto (segundo Gustavo, “Migue”l em homenagem ao avô e “Alfredo” em homenagem a Alfredo Guedes), pai de Gustavo e o responsável pela atualização das reedições da obra jurídica de Sahid. Maria Regina, Livre Docente em Psicologia, filha de Sahid e de dona Nagiba (também advogada e poetisa) também nos daria a delícia de sua presença e de seu sorriso iluminado. E haveria mais: receberíamos Antonio Carlos Rizeke Malufe, Secretário Adjunto da Casa Civil do Governo Doria. Uma autoridade do governo estadual, olharia as nossas flores das praças, caminharia sobre o nosso chão, hoje menos encantado por conta da ausência de nossos paralelepípedos na rua principal e sobre a plataforma de nossa estação de trem. A mesma estação que recebeu os passos de seus antepassados.
E o Executivo providenciou o devido Cerimonial.  Alfredo Guedes bradou os nomes de seus ilustres filhos em plena euforia.
A Ordem dos Advogados de Lençóis compareceu no evento, com as presenças do seu presidente, Dr. Sales e de Dr. Vicente Bento de Oliveira, que foi o primeiro presidente da OAB em nosso município.
O jovem neto de Adelia, Ryan, violinista integrante do grupo musical Calidore String Quartet, foi o responsável pelo discurso da família e pela nostalgia de sua apresentação de violino. Divino menino!
Cintia filha de Adelia e mãe de Ryan contagiou o Distrito com sua expressão de verdadeiro entusiasmo. Seu pai Patrick também marcou fortemente a visita. O filho de Gustavo, Arthur trazia o vigor de sua juventude para perto de nós.

Charlie, a quem prezo demais pela distinta consideração e amizade que tem tido comigo desde que todos nós nos descobrimos, infelizmente ainda não nos deu a honra e a alegria de sua presença.
Nós nos falamos sempre, ele me manda notícias de sua mãe e as mais belas imagens de época de nosso amado lugar.
E aqui, nesse recôndito de lendas, de memórias doloridas, de lágrimas de escuridão no romper das noites mais solitárias, retornam todos à antiga casa. Retornam plenos de gratidão e alegria pelo passar do tempo, pelas reconstruções, pela preservação da memória. Retornam em sangue renovado, em comunhão com os novos dias. Com o sol escaldante eles chegaram lindos e sorridentes, em semeadura de sonhos antigos, em férteis plantios de recomeço.

E a árvore de Miguel e Salim?
Bem, a árvore está de volta plantada pelos familiares, com mãos de bênçãos.  Crescerá forte e robusta, como uma filha que ainda será a grande matriarca. Como Salime, a árvore viverá aconchegando Alfredo Guedes em verde sombra.
E eu, que sempre seguirei por esses mesmos caminhos, que não sairei daqui nem depois de meus últimos dias, continuarei esperando pelas próximas visitas. E sonharei em todas as noites com almas flutuando em nossa Estação de Trem, não mais com lágrimas de tristeza, mas com olhares de esperança e superação. Pois a Vida segue juntamente com cada vagão que se vai.Nós nunca morremos, nós nos transformamos e nos aperfeiçoamos. Miguel e Salim se tornaram imortais e são agora verdadeiras Lendas Vivas de Amor e Luz.

                                                              guardiadelendas.blogspot.com
                                                              Célia Motta.



    O Prefeito Prado discursando.


Prefeito Prado passando a palavra ao Dr. Miguel Alfredo

    Célia Motta na abertura do evento

    Impossível não chorar, ao receber das mãos de Cintia, uma pintura original feita e assinada por Dona Adelia

    Todos os olhos voltados para a placa comemorativa

    Prefeito Prado também recebendo a ilustre família
   
                      A placa comemorativa da ilustre visita, para sempre colocada em nosso Memorial

Conversa entre juristas: Dr. Miguel Alfredo, Dr. Sales (presidente da OAB de Lençóis Paulista) e Dr. Vicente Bento de Oliveira (nosso primeiro presidente da OAB de Lençóis Paulista

    Gustavo Malufe e Célia Motta

    Gustavo, Cristina, Maria Regina, Célia Motta, Cintia, Ryan, Patrick e Arthur

                     O sorriso de Maria Regina, para sempre será o "nosso" sorriso

     O plantio de uma árvore em nosso Distrito de lendas e histórias. Conosco, o secretário de Cultura Marcelo Maganha e Romildo Vera Dias.
     
    Equipe da Secretaria do Distrito, dando suporte ao plantio da árvore da família. Dr. Antonio Carlos, Secretário Adjunto da Casa Civil do Governo Doria nos dando a honra de sua visita
 
    Ryan, Gustavo, Cristina e Arthur: o vigor da juventude entre nós

   Momento dos mais emocionantes, Ryan Meehan tocando o seu violino na Igreja do Bom Jesus... e as almas vieram... e os anjos desceram até nós.
 
A visita tão esperada de Gustavo e sua família, prestigiando o nosso Memorial Alfredo Guedes

   Dr. Antonio Carlos, Secretário André Sasso e o Secretário Ticianelli

   Dr. Antonio Carlos (sempre muito solicitado) com o Secretário de Cultura, Marcelo Maganha e seu sobrinho Gustavo

Visitante também ilustre, recebendo de Dr. Miguel um exemplar de Teoria Geral do Estado, o Professor e Doutor em História, meu grande amigo Edson Fernandes.