COMPORTAS QUE SE ROMPEM! ÁGUA QUE DESABA!
DERRAMA-SE EM
CACHOEIRA...
ÁGUAS DE MULHER!
NAQUILO EM QUE ME
IMPLODE, CONFRONTA-ME COM O MEU ÍNTIMO!
NAQUILO EM QUE ME
EXPLODE, ESPALHA-ME EM FAÍSCAS FLAMEJANTES!
DESPEJANDO SONHOS...
ENCONTRANDO ALMAS...
SUBJUGANDO MEU
QUERER... DERRAMA-ME EM FLAMEJANTE CALDA,
ABSINTO A
INEBRIAR-ME...
ARRANCANDO-ME DE MIM MESMA... DILACERANDO-ME EM DORES...
FAZ
BROTAR E FLORESCER...
EMBRIAGANDO MEU
SER... DOCE ABSINTO EM SEU INTENSO PODER!
TRANSBORDANDO
IMENSIDÃO DE ÁGUAS.
ÁGUAS DE TANTAS E TANTAS LÁGRIMAS EM CONFUSOS SOLUÇOS,
ÁGUAS DE MEU REBENTO AFOGADO E INERTE,
SEM DOR, SEM EXPRESSÃO, SEM DEFESA E SEM VIDA.
E EU, DIABOLICAMENTE LOUCA E ENSANDECIDA...
PROCURANDO POR ABSTRAÇÕES, ENTRE TANTAS ASSOMBRAÇÕES,
SEM SABER O QUÊ! EU QUERIA A MINHA CRIA! UM DIA, EU FINALMENTE SABERIA!
ABISMOS DE LODO E ESCURIDÃO GELADA,
MORTE EM MIM, NÃO ANUNCIADA,
VAGUEI RASTEJANTE POR NOITES E POR LUAS SEM LUZ, TRÔPEGA E DESVAIRADA.
ÁGUAS DO PARTO QUE ME FIZERAM MORRER,
ÁGUAS QUE PROPICIARAM A MEU SER, TAMBÉM RENASCER,
NO FEL DE TURBULENTAS TEMPESTADES ESPIRITUAIS, CRESCER!
ÁGUAS INUNDANDO MINHA MEMÓRIA ANTIGA,
ÁGUAS QUE TROUXERAM O MEU ESQUECIMENTO!
ESQUECI O FILHO SEU E MEU! MEU REBENTO!
MAS VEIO VOCÊ, DE UMBRAIS PARA MIM DESCONHECIDOS,
RESGATANDO DESEJOS E VONTADES SEPULTADAS,
... E AGORA TUDO ME MOSTRA PELOS SEUS OLHOS.
Lázaro Lourenço da Silva, morador da Fazenda Boa Vista no Distrito de Alfredo Guedes, falecido no ano de 1964, na cidade de São Manuel-SP.
E PELOS SEUS OBSERVADORES E ATENTOS OLHARES,
ENCONTRO MEUS SEGREDOS,
REDESCUBRO O MEU REBENTO, NOSSA CRIA! E VOCÊ ME ALUMIA!
ONTEM, TÓRRIDO AMANTE,
EM VIAGENS INCESTUOSAS COMIGO!
HOJE, AMIGO!
ONTEM PAIXÃO, AGORA, EM VERDADE MEU IRMÃO, NAS TRILHAS DA REDENÇÃO.
FOI O PAI DO MEU DESFIGURADO REBENTO, AGORA NOS GUIA,
MÃE E FILHO, PARA NOVO ALENTO.
SEM VOCÊ, NÃO HAVERIA A MINHA GRATIDÃO,
SEM AS SUAS ÁGUAS DE TEMPESTADES, NÃO EXISTIRIAM O MEU E O SEU PERDÃO,
E EU NÃO ME BANHARIA, JAMAIS, EM ÁGUAS DE PURIFICAÇÃO.
... RELEMBRANDO ANTIGAS VIDAS... ABSINTO A SEDUZIR-ME POR
ESTRANHA ESTRADA!
MINHAS ESPIRITUAIS
ENTRANHAS,
AQUI, MISTERIOSAMENTE REENCONTRADAS!
AQUI FUI PROFANA, INCESTUOSA, PAGÃ E HEREGE!
BRUXA DAS MATAS, A VOCÊ ENTREGUE!
E É JUSTAMENTE AQUI, QUE VOCÊ ME REERGUE...
Célia Motta.
Antiga Fazenda Boa Vista - Distrito de Alfredo Guedes.
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